Porque eu não sei se me quero polir
António Variações foi único.
Os meus comentários e interpretações abaixo.
«Só eu sei que sou terra
Terra agreste por lavrar
Silvestre monte maninho
Amora fruto sem tratar
Sinto-me um fruto realmente e terra agreste muitas vezes.
Só eu sei que sou pedra
Sou pedra dura de talhar
Sou joga pedrada em aro
Calhau sem forma de engastar
Sou pedra dura que não adianta bater que não vai perfurar.
A interpretação é o que quiserem dar
Não tenho jeito p'ra regatear
Também não sei se eu a quero aumentar
Porque eu não sei
Não regateio amor nem amizade, há pessoas que simplesmente não me merecem.
Porque eu não sei se me quero polir
Também não sei se me quero limar
Também não sei se quero fugir
Deste animal, deste animal
Sou um animal selvagem.
Também não sei se me quero polir
Também não sei se me quero limar
Também não sei se quero fugir
Deste animal, que anda a procurar
Não vou fugir de mim, dos meus sonhos, inquietações nem dos meus pensamentos.
Só eu sei que sou erva
Erva daninha alastrar
Joio trovisco ameaça
Nas ervas doces de enjoar
Enjoo quem não gosta de mim, a mim essas pessoas não conseguem o mesmo. Alastro em mim, porque cresço e levo-me toda comigo, sem querer mudar.
Só eu sei que sou barro
Difícil de se moldar
Argila com cimento e saibro
Nem qualquer sabe trabalhar
Trabalhar o barro, há quem consiga há 20 anos.
Em moldes feitos não me sei criar
Em formas feitas podem-se quebrar
Também não sei se me quero formar
Porque eu não sei
Gosto de não caber em nenhum molde.
Porque eu não sei se me quero polir
Também não sei se me quero limar
Também não sei se quero fugir
Deste animal, deste animal
Polir não quero, ninguém o conseguirá.
Também não sei se me quero polir
Também não sei se me quero limar
Também não sei se quero fugir
Deste animal, que anda a procurar»
Procuro e procurarei para sempre a minha paz.